Diria também que há tempos conheço um de Seus nomes mais arcaicos e onipresentes: Ironia, oculto e amenizado no dito popular que afirma Ele escrever certo por linhas tortas.
Pois que se fomos feitos à Sua imagem e semelhança e temos algo de divino, Ele há de ter algo de humano, e rir de nossas constantes trapalhadas cá em baixo - nada mais humano que o riso - ou ao menos chorar de nossos dramas e melodramas, como quem assiste novela ou lê um romance pra passar o tempo, como uma boa dona de casa em seu pouco tempo de ócio, coisa de que certamente dispõe abundante. E se assim não o é - se assiste com expressão impassiva sua fazenda de formigas, sem dó, piedade ou simpatia, então mentiu, num rompante de humanidade.
E na Sua infinita sabedoria, criou o Bem e o Mal, alguns adjuntos pra apimentar o Verbo, você sabe, afungentar a solidão. E tantas mais coisas criou que cansou, sentou num sofá nebuloso e o Senhor tirou um domingo pra si.
Nesse processo, cá estamos - inteligentes o suficiente pra duvidar do mundo, mas não a ponto de não acreditarmos em Ele (ou Eles, Tantos são...), com pleno livre arbítrio pra criarmos um mundo onde nossa vontade pouco importa - sem problemas, já que no além-vida teremos a oportunidade de participar de Seu clubinho celestial, contanto, claro, que tenhamos sido bons meninos durante nossa vida, onde tudo do bom e do melhor se funde numa frase: "o proibido é mais gostoso".
Solução? Quebrar as regras. Exigir sua parte da herança e sair mundo afora, bastando retornar arrependido e comparecer com um sorriso no rosto à festa de recepção que o Pai prepara. Ao outro fica a dádiva do trabalho.
Não que os velhos chavões como sobre a justiça divina no caso dum bebê que morre pouco depois do primeiro choro, sobre a Sua necessidade de ser adorado e rogado acima de todas as coisas ou sobre a obscura relação paternal do Onipotente com a Fonte de Todo o Mal sejam argumentos sérios pra esta minha afirmação. Falo de algo mais material, mais concreta, menos ideológica. Falo na maestria em criar um mundo no qual a figura o criador seja passível de descarte com prejuízos menores do que o sumiço dos orgãos que o representa - vale acrescentar, no fundo, nunca dependeram Dele pra existir.
Pois que se fomos feitos à Sua imagem e semelhança e temos algo de divino, Ele há de ter algo de humano, e rir de nossas constantes trapalhadas cá em baixo - nada mais humano que o riso - ou ao menos chorar de nossos dramas e melodramas, como quem assiste novela ou lê um romance pra passar o tempo, como uma boa dona de casa em seu pouco tempo de ócio, coisa de que certamente dispõe abundante. E se assim não o é - se assiste com expressão impassiva sua fazenda de formigas, sem dó, piedade ou simpatia, então mentiu, num rompante de humanidade.
E na Sua infinita sabedoria, criou o Bem e o Mal, alguns adjuntos pra apimentar o Verbo, você sabe, afungentar a solidão. E tantas mais coisas criou que cansou, sentou num sofá nebuloso e o Senhor tirou um domingo pra si.
Nesse processo, cá estamos - inteligentes o suficiente pra duvidar do mundo, mas não a ponto de não acreditarmos em Ele (ou Eles, Tantos são...), com pleno livre arbítrio pra criarmos um mundo onde nossa vontade pouco importa - sem problemas, já que no além-vida teremos a oportunidade de participar de Seu clubinho celestial, contanto, claro, que tenhamos sido bons meninos durante nossa vida, onde tudo do bom e do melhor se funde numa frase: "o proibido é mais gostoso".
Solução? Quebrar as regras. Exigir sua parte da herança e sair mundo afora, bastando retornar arrependido e comparecer com um sorriso no rosto à festa de recepção que o Pai prepara. Ao outro fica a dádiva do trabalho.
Não que os velhos chavões como sobre a justiça divina no caso dum bebê que morre pouco depois do primeiro choro, sobre a Sua necessidade de ser adorado e rogado acima de todas as coisas ou sobre a obscura relação paternal do Onipotente com a Fonte de Todo o Mal sejam argumentos sérios pra esta minha afirmação. Falo de algo mais material, mais concreta, menos ideológica. Falo na maestria em criar um mundo no qual a figura o criador seja passível de descarte com prejuízos menores do que o sumiço dos orgãos que o representa - vale acrescentar, no fundo, nunca dependeram Dele pra existir.
Quem sabe haja uma outra Física pra este mundo, mais divina e, nesse caso, mais real, onde cada ação gere uma reação ácida, multiplicada e multifacetada, e na total ausência de forças atuando num corpo em movimento, ele desvie sutilmente - pois se há algo de fato divino é a sutileza - na direção de menor conveniência; uma também outra Matemática, onde nas divisões todo número é primo e em todo par sobra um. E por fim um outro Português, ou Francês, ou Mandarim, cuja única finalidade é nos lembrar de que a pior parte de nossos problemas insolúveis é não sermos capazes de expressá-los integralmente a ninguém?
Mas não se enganem, isso não é amargura, só Ironia...
Mas não se enganem, isso não é amargura, só Ironia...